Romeiros de várias cidades da região visitam o local
“Chegam ônibus de Cachoeira, Muritiba, Anguera, São Gonçalo dos Campos, Conceição da Feira e São Felix. E vem gente também daqui de Feira, dos distritos de Bonfim de Feira e Jaguara”, conta seu Antônio Carlos da Cunha, 65 anos, um dos moradores do pequeno povoado.
Segurando em uma das mãos a rédea do cavalo e com a outra uma ponta de cigarro de palha, seu Antônio diz que em três casas daquelas “mora gente da família: irmãos e sobrinhos. Nas outras duas são outros moradores”. Todos eles têm um carinho especial por Santa Luzia.
Uma de suas irmãs, Edenilde Pinto da Cunha, 56, é quem está sempre à frente da manutenção do santuário. Ajuda na limpeza, participa da liturgia, organiza leilões e a tradicional quermesse no período festivo, quando conseguem arrecadar contribuições dos fieis visitantes. Esse dinheiro é aplicado na própria igreja.
Falecido há onze anos, aos 94 anos de idade, o pai de seu Antônio e dona Edenilde foi um dos primeiros moradores do povoado. “Ele contava que os mais antigos diziam que a igreja foi construída depois que uma imagem de Santa Luzia apareceu naquele trecho do Rio Jacuípe”, relata do quintal da sua casa apontando para o rio que corta Ipuaçu.
Edenilde lamenta substituição do piso em blocos de argila
Dona Edenilde diz que a igrejinha mantém desde sua construção os três altares – um central com as imagens da padroeira, de São José e São Caetano, e dois laterais, onde estão expostas as imagens de São Roque e Nossa Senhora da Guia. Ela lamenta que o piso em blocos de argila foi substituído por cerâmica. “A igreja não é tombada”, observa acrescentando que as portas e suas largas fechaduras ainda são originais.
Em um dos lados do templo está a sacristia e do outro é a Sala de Promessas, onde estão penduradas nas paredes fotografias, mensagens em agradecimento pelas graças alcançadas, pedidos de intercessão a Santa Luzia e imagens dos olhos e de vários santos. Neste local, o piso foi preservado.
“Em 2003, padre Rosivaldo teve a ideia de criar essa sala e impulsionar as homenagens a Santa Luzia com a realização da festa que acontece em dezembro. Desde aquele ano, que o número de visitantes aumentou e vem tomando uma proporção maior a cada ano”, conta dona Edenilde acrescentando que São Roque também é homenageado, no mês de agosto, entre os moradores.
No Santuário de Santa Luzia, as missas são celebradas sempre no segundo domingo do mês, às 16h, reunindo somente o povo da localidade. A igreja pertencente à Paróquia Nossa Senhora dos Remédios, situada na sede do distrito.
Prefeitura reconhece o valor histórico e cultural das igrejas
Diretora de Turismo da Secretaria Municipal do Trabalho, Turismo e Desenvolvimento Econômico, Graça Cordeiro, ressalta a importância da festa de Santa Luzia e o seu alcance entre os católicos das cidades circunvizinhas e até aquelas mais distantes. No entanto, reconhece que essa festa deveria ter uma maior visibilidade entre os feirenses.
“Embora o santuário esteja situado em nosso município e com mais de três séculos de existência, entre os católicos de Feira ele ainda é pouco conhecido. Ao contrário da festas em homenagens a Santo Antônio, na Igreja dos Capuchinhos, e da padroeira Senhora Sant’Ana”, afirma.
De acordo com ela, as igrejas têm grande valor cultural e histórico, sobretudo no contexto de formação da cidade, a exemplo da Catedral Metropolitana de Santana. “Estamos de portas abertas para contribuir com o turismo religioso em nossa cidade, assim como já acontece em Salvador, Candeias, Bom Jesus da Lapa e nas cidades do Recôncavo Baiano, a exemplo de Cachoeira", destaca pontuando que Prefeitura, por meio do Departamento de Turismo, já se colocou à disposição da Arquidiocese de Feira de Santana para contribuir na implantação da Pastoral do Turismo.