Introdução
No
mundo de hoje vemos que alguma coisa vai mau na igreja, pois apesar
do crescimento espantoso, notmos o crescimento no meio cristão
de casos como pedofilia, roubo, mentira e uma deturpação
da Palavra de Deus por visões erradas que são aceitas
com uma rapidez incrível, provocando divisões e mais
divisões no meio cristão.
Então vem a pergunta, o que a igreja deve fazer para crescer
sadiamente, pois hoje parece que ela atrais mais os incautos a procura
de benção materiais e consolo para a suas dores e não
a procura do Deus verdadeiro Jesus.
Esta simples pergunta, quase que nos obriga a mencionar o apóstolo
Paulo e talvez com certa razão, pois ele foi um dos maiores
exemplos de um verdadeiro missionário e possivelmente é
o que melhor se adapta ao nosso contexto cultural.
Mas há um outro, grande pregador, que tem ficado um tanto esquecido
nos nossos dias. Refiro-me a João Batista.
Procurando nas páginas da internet, verifico que há
mais páginas católicas sobre o “Santo João
Batista”, páginas ligadas às tradições
populares, assim como páginas espíritas, do que páginas
evangélicas sobre este personagem, creio ser fato de ser João
o elo de ligação entre o Antigo e o Novo Testamento,
não sendo bem do Antigo nem bem do Novo Testamento. Ficando
assim meio esquecido.
Mas porque
falar de João Batista e não por Paulo?
É que no caso
de Paulo, havia já uma igreja pequena em número, mas
forte e motivada, cheia do poder do Espírito Santo que apresentou
a sua mensagem ao mundo pagão, enquanto que no caso de João
Batista, o mal não estava no paganismo nem no ateísmo,
o mal estava no próprio mundo religioso e nos seus dirigentes.
Sabemos que na época de João Batista, Israel estava
dominada por Roma. Assim levamos a imaginar uma religião perseguida,
as humilhações e sofrimentos dos sacerdotes, símbolo
da resistência do povo, e o esforço para conservar viva
a sua fé no meio de tanta perseguição. Porém
ao estudar um pouco o assunto, percebe-se que não era bem assim,
persigamos.
Quem foi João
Batista?
João Batista
nasceu cerca de cinco meses antes de Cristo numa região montanhosa
de Judá.
Tanto seu pai, o sacerdote Zacarias, como sua mãe Isabel, eram
descendentes de Aarão. Sua mãe era prima de Maria, a
mãe de Jesus.
O nascimento de João Batista foi um caso incomum. Segundo nos
conta Lucas 1:5-25, seus pais eram pessoas
de vida irrepreensível mas ambos já eram pessoas idosas
e Isabel era estéril.
Certo dia, quando Zacarias oferecia incenso no Templo, o anjo Gabriel
apareceu para lhe dizer que sua mulher iria ter um filho que seria
João, que este seria cheio do Espírito Santo desde o
seu nascimento e teria a função de preparar o povo de
Israel para a vinda do Messias.
Contexto histórico
e cultural da época de João Batista
A época de João Batista,
é praticamente a mesma em que viveu Jesus o Cristo.
Israel já não era nação independente.
Neste caso particular, a Judeia tornara-se numa província do
Império Romano no ano 6, e Roma impunha as suas leis, embora
fosse tolerante a ponto de manter em vigor a legislação
dos vários países conquistados enquanto essa não
colidisse com a Lei Romana.
Assim, o Sinédrio de Jerusalém, embora continuasse a
funcionar como a mais alta representação política,
jurídica e religiosa, aspectos que nem sempre é fácil
de se dissociar nessa cultura, já não tinha a última
palavra no aspecto jurídico.
Este fato pode ser apresentado sob dois aspectos bem diferentes: Uns
podem dizer que deixou de haver liberdade de religião, pois
os sacerdotes deixaram de poder cumprir livremente todas as prescrições
da Lei de Moisés. Mas, para o israelita, que era israelita
por ter nascido em Israel, por ter sido circuncidado em tenra idade,
que estava pressionado por centenas de leis e regulamentos, que inclusive
não podia escolher outra religião nem dar mais de uns
tantos passos em dia de sábado sem que fosse condenado à
morte de acordo com a Velha Lei, talvez a Lei Romana, que tirou ao
Sinédrio o direito de aplicar a pena de morte, lhe trouxesse
nessa altura, alguma liberdade, inclusive para escolher qualquer outra
das religiões que apareceram em Israel devido à liberdade
de religião do Império Romano, religiões que,
de acordo com a Velha Lei deveriam ser exterminadas de Israel assim
como todos os seus praticantes.
Segundo Levítico 24:16 os casos de
blasfémia eram punidos com a pena de morte, mas não
se encontra uma definição de blasfémia, assunto
que ficava um tanto ao critério dos membros do Sinédrio.
O Império Romano, sempre que possível, tentava pacificar
os territórios conquistados, mantendo os privilégios
da classe dominante. Esse foi também o caso de Israel na época
em que João Batista inicia a sua pregação.
Segundo nos conta o historiador Joaquim Jeremias, nessa época
de dominação romana, época de João Batista
e do próprio Jesus Cristo, embora a Judeia, e todo o território
de Israel, estivesse dominado por Roma, os soberanos da dinastia herodiana,
judeus de influência romana, viviam com um luxo indescritível.
Tinham grandes palácios com arquitetura romana, mas mantiveram
a sua fidelidade a algumas antigas tradições do oriente.
Herodes Antipas, rei da Judeia, era filho de Herodes o Grande, portanto
da aristocracia de Israel, mas o pormenor mais importante é
que tinha sido educado em Roma que além da Judeia lhe concedeu
as tetrarquias da Galileia e da Pereia onde fundou a sua capital em
Tiberíades. Embora israelita, mas com mistura de sangue, era
um rei fiel a Roma que tinha sido tão generosa para ele. Mas
o mais estranho é que, segundo alguns historiadores, sendo
Herodes Antipas um rei israelita, a sua guarda pessoal era constituída
por tropas trácias e germânicas, a que vieram juntar-se
cerca de quatrocentos guardas gauleses da guarda pessoal de Cleópatra,
depois desta se suicidar, pois o Rei da Judeia temia mais os seus
súditos do que os estrangeiros.
Mas ao falar em vida luxuosa, não nos podemos limitar à
aristocracia herodiana.
Os altos sacerdotes viviam em palácios na zona alta de Jerusalém,
como aliás se vê nas passagens dos evangelhos que falam
no julgamento de Cristo.
Segundo Marcos 14:53-55 E Pedro o seguiu
de longe até dentro do pátio do sumo sacerdote, e estava
sentado com os guardas, aquentando-se ao fogo.
Os principais sacerdotes testemunho contra Jesus para o matar, e não
o achavam. Sabe-se que esse Concílio, ou Sinédrio, como
era conhecido, era constituído por muitas dezenas de pessoas,
e se juntarmos os seus funcionários (escribas) podemos imaginar
certamente mais de cem pessoas que couberam perfeitamente numa das
salas da residência de Caifás que tinha um pátio
interior certamente bem espaçoso, pois deu para acenderem uma
fogueira para se aquecerem.
Segundo podemos ver em João 18:17
Então a porteira perguntou a Pedro: Não és tu
também um dos discípulos deste homem? Respondeu ele:
Não sou., até havia uma porteira em casa do sumo sacerdote,
o que nos dá uma ideia do grande número de pessoas a
entrar e sair e das dimensões do edifício.
Mas não podemos ignorar que havia um grande desnível
entre os principais sacerdotes e os vulgares sacerdotes. Flávio
Josefo conta o escândalo ocorrido no ano 66 em que alguns chefes
dos sacerdotes enviaram os seus escravos às eiras para roubar
os dízimos reservados ao sustento dos sacerdotes comuns chegando
alguns destes a morrer de fome.
O Templo de Jerusalém fora reconstruído com uma grandeza
e dimensões superiores ao antigo Templo de Salomão e
estava a funcionar em pleno, embora a sua atuação estivesse
limitada pela Lei Romana, como já referimos. O Templo perdera
o “monopólio da religião”, mas continuava
a ser o mais importante centro religioso em Israel e toda a vida econômica
da cidade estava relacionada com o seu Templo, onde continuavam a
oferecer os sacrifícios pelos pecados do povo, com todo o rigor
da Velha Lei. Nenhuma outra religião atraía tantas multidões
como o Templo de Jerusalém com a sua imponente liturgia, os
mais famosos músicos e os melhores cantores que se tinham aperfeiçoado
desde os tempos do Rei Davi. Também sob o aspecto político
e teológico, o Templo era um elemento de união entre
as várias seitas veterotestamentárias, em que os israelitas
estavam divididos, devido às convicções religiosas,
políticas ou profissionais, como os fariseus, saduceus, essénios,
zelotes, galileus, herodiamos, publicanos, escribas etc. num contexto
cultural em que não era fácil dissociar a religião
da política ou dos interesses profissionais.
Além do Templo, havia as várias sinagogas em Jerusalém,
assim como em todo o território do grande Império Romano,
que competiam entre si pelo rigor dos seus cultos, pela sua música
e pela santidade dos seus membros, embora com um conceito veterotestamentário
de santidade, mais ligado à ideia de santidade litúrgica
ou santidade higiênica e à santidade da sua genealogia.
Algumas das principais famílias de sacerdotes de Jerusalém,
tinham até uma passagem superior ligando suas habitações
ao Templo a fim de não se contaminarem em contacto com o povo
pecador e impuro e sabiam de cor os nomes dos seus antepassados até
dezenas de gerações o que comprovava a sua santidade.
Roma decidira manter os privilégios dos levitas e sacerdotes,
nomeadamente na cobrança do dízimo, desde que tal não
interferisse nos impostos arrecadados pelos publicanos ao seu serviço.
Claro que o povo, sujeito a essa dupla tributação não
tinha possibilidades de reagir nem tinha o apoio do seu rei nem das
suas autoridades religiosas.
Era esta a situação religiosa na época de João
Batista. Aparentemente, tudo estava perfeito, os rituais cumpriam-se
com todo o rigor, e os sacerdotes eram nomeados de acordo com a Velha
Lei. Eles tinham toda a autoridade para falar ao povo... mas tinham
perdido para sempre a sua credibilidade. Os dirigentes religiosos
estavam completamente controlados e cegos pelos seus interesses econômicos
e não estavam nada interessados em mudanças, muito menos
na vinda do Messias que poderia alterar a cômoda posição
de que beneficiavam, com uma vida fácil e a paz com os romanos.
Métodos
de pregação de João Batista
Metanoeite, êggiken gar ê
basileia tôn uranôn ou seja “Mudem de mente (ou
de ideias, ou de comportamento) porque chegou o Reino dos céus”,
ou numa tradução mais livre, “Arrependam-se, porque
já chegou o Reino de Deus”. Foi este o incômodo
e inoportuno grito de João Batista. Uma das frases mais importantes
de toda a Bíblia.
Mas, num ambiente destes, que poderia fazer um homem sozinho, sem
ter o apoio duma importante e prestigiada organização
com um imponente edifício religioso bem colocado em Jerusalém,
que desse certa credibilidade à sua mensagem e sem um bom grupo
musical (grupo de louvor) que atraísse as atenções
do povo?
Mas o Senhor, Deus supremo, escolheu precisamente João Batista,
para que não houvesse dúvidas de que este atuava de
acordo com o Seu poder, e não com as técnicas de comunicação.
João faz precisamente o contrário do que faziam os religiosos
do seu tempo. Era o poder do Senhor em oposição à
tradição, e às técnicas de comunicação.
Local de pregação.
Lucas 3:2-3
- Sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes,
veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto.
E ele percorreu toda a circunvizinhança do Jordão,
pregando o batismo de arrependimento para remissão de pecados.
Embora não conste que houvesse alguma via romana nas proximidades
do rio Jordão que era a fronteira natural entre a Judeia e
a Pereia, era ao longo deste rio que se fazia grande parte do trânsito
de viajantes entre Jerusalém e o norte do país. Nas
línguas originais, quer o hebraico quer o grego, a palavra
“deserto” significava uma região não edificada
nem cultivada, mas que podia ter algumas zonas completamente estéreis
e outras com alguma vegetação, útil como terreno
de pastagem. Lucas refere-se ao “deserto da Judeia” e
João 3:23 refere-se a um local chamado
Enom, que significa muitas águas, passagens que não
estão em contradição, pois a topografia do local,
leva-nos a identificar uma região muito acidentada, com extensões
de terrenos áridos e secos, e o tal local Enom num ponto baixo
com grande quantidade de fontes, as muitas águas. Certamente
águas de nascente, de melhor qualidade para beber do que as
águas do Jordão para onde escorriam. Um local desses,
numa zona desértica, era um importante ponto de passagem de
peregrinos que certamente paravam por momentos para descansar, beber
e dar de beber aos seus animais. Mas, pelo menos inicialmente, os
ouvintes de João Batista não eram os entendidos em religião,
mas os vulgares viajantes, numa época em que na sua maior parte
seriam comerciantes ou peregrinos a caminho ou de regresso de Jerusalém.
Edifício
Em Jerusalém o Templo ocupava
o lugar central e as várias sinagogas rivalizavam entre si
na busca dos melhores locais.
João Batista não se preocupou em competir com eles.
Como vimos, foi para uma região “deserta” nas margens
do Jordão. Não nos consta que tivesse construído
algum edifício para o seu culto.
Levitas e
Grupos de louvor.
Segundo testemunho de vários
entendidos, um bom “grupo de louvor” é um dos melhores
atrativos das igrejas dos nossos dias e o seu crescimento está
quase sempre na base dos chamados “grupos de louvor”.
Isto não é novidade. Já tal acontecia na época
de João Batista. Também na idade média, a música
era muito utilizada nas igrejas e nos conventos. Parece que ter boa
música nem sempre é sinal de espiritualidade, pois por
vezes, quanto mais afastada está a igreja da mensagem de Jesus,
melhor é a música e mais impecável a sua liturgia.
Parece que se tenta suprir por meios humanos o que nos falta do Poder
do Senhor.
Nada nos consta da música utilizada nas pregações
de João Batista.
Contribuições
Um dos aspectos mais polêmicos
dos nossos dias é o aspecto financeiro, as coletas levantadas
para a manutenção dos cultos, pois é necessário
pagar o edifício e o sustento dos pastores.
João Batista não tinha esses problemas pois ele não
tinha nenhum edifício para o seu culto, nem pedia contribuições
para o seu sustento. Segundo Mateus 3:4
E esse João tinha o seu vestido de pêlos de camelo e
um cinto de couro em torno dos seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos
e de mel silvestre.
Mas encontramos em Lucas 3:11 a resposta
de João Batista à multidão que lhe perguntava:
Que faremos? ... Quem tiver duas túnicas, reparta com o que
não tem, e quem tiver alimentos faça da mesma maneira.
João Batista não pedia ofertas para o culto, nem para
o seu sustento, mas pedia solidariedade entre os que o seguiam. Essa
ajuda ao próximo era perfeitamente espontânea. Não
havia contabilidade nem tesoureiros, nem fiscalização
dos donativos.
Curas e milagres
As curas e milagres, são outro
grande atrativo dos nossos dias. As maiores igrejas evangélicas
são as que anunciam grandes milagres. Também no catolicismo
existe esse fenômeno. Basta comparar as multidões que
se juntam nos locais que prometem milagres, com a assistência
aos grupos que se juntam para estudar a mensagem de Jesus.
Não há registro de milagres ou curas efetuadas por João
Batista. O milagre que ele fazia era a transformação
da mentalidade dos seus ouvintes.
Técnicas
de comunicação
Penso que João Batista nada
percebia de técnicas de comunicação, que aconselham
a apresentar um ar simpático, agradável, a evitar atritos
com os seus ouvintes, a nunca os criticar, mas elogiar as suas capacidades
e comportamentos, a ter uma certa prudência para não
os incomodar nem ofender ninguém.
João Batista falava sem rodeios e por vezes era rude e direto
ao comunicar com os seus ouvintes. Sendo um homem isolado, sem nenhuma
guarda pessoal nem guarda-costas, ousou dirigir-se aos ...fariseus
e saduceus, que vinham ao seu batismo, dizendo-lhes: Raça de
víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura ? Mateus 3:7.
Ele nunca se preocupou com o número dos seus discípulos,
mas somente que fossem verdadeiros discípulos.
Homilética
Também não me parece
que João Batista se preocupasse com as regras da homilética
nas suas pregações. É verdade que estamos noutra
cultura bem diferente, mas segundo dizem os entendidos no grego, ele
não usa a linguagem elaborada dos intelectuais do seu tempo.
Conceito de
santidade
Segundo a mentalidade veterotestamentária,
como já dissemos, o conceito de santidade era bem diferente
do que temos desde que João Batista inicia a sua pregação,
que foi homologada pela mensagem do Mestre.
No Velho Testamento temos uma santidade que significava pertencer
ao povo santo ou separado, e ser perfeito sob o aspecto físico,
quanto à saúde, à higiene e ao sexo. Em 1871
um arqueólogo descobriu a pedra com a inscrição
que proibia a entrada de estrangeiros no Templo, que seriam condenados
com a pena de morte em caso de desobediência. Também
de acordo com Levítico 21:16-23,
o Deus de Israel só aceitava uma oferta através dum
sacerdote que fosse fisicamente perfeito, pois um sacerdote cego,
ou coxo, ou de nariz chato ou com membros muito compridos (vr.18),
ou com o pé ou a mão defeituosa (vr.19), ou corcunda
ou anão ou com doenças de pele ou testículos
defeituosos (vr.20), desde que tivesse algum defeito físico,
não poderia oferecer uma oferta queimada ao seu Deus.
Na “Basileia” o novo Reino de Deus que João Batista
anunciava, os critérios eram outros. Ele chamou de “raça
de víboras” aos “santos” e “perfeitos”
segundo o critério veterotestamentário, mas não
discriminou nenhum dos que o procuravam com sinceridade, pois segundo
Mateus 3:6 eram batizados no Jordão confessando os seus pecados.
A ele se juntaram muitos dos que eram rejeitados pelo Templo de Jerusalém.
Segundo Lucas 3:12-14 João Batista
recebia publicanos, considerados como traidores a Israel e até
soldados, não sendo possível dizer se seriam soldados
romanos ou soldados judeus destacados para proteção
dos publicanos que os acompanharam, mas em qualquer das hipóteses
eram o oposto aos santos das sinagogas e do Templo de Jerusalém.
Conclusão
Jesus prometeu que voltaria, mas
na sua segunda vinda já não será para salvar,
mas sim para julgar o mundo e não podemos estar indiferentes
aos últimos acontecimentos internacionais, a um mundo que cada
vez se assemelha mais ao mundo que precedeu a vinda de Cristo, com
a hipocrisia de certas igrejas, a deturpação da mensagem
de paz e amor que Jesus nos deixou, o materialismo dos vários
países em que mais importante que a justiça são
os seus interesses econômicos, pois qualquer dirigente político
que fale em justiça pouca aceitação terá,
o que interessa aos governos são os seus interesses econômicos.
Entretanto, a maior parte das igrejas ditas “evangélicas”
continua com o seu habitual folclore religioso, tal como o Templo
de Jerusalém nos dias de João Batista. Continuam indiferentes
ao que se passa no nosso mundo, como se não tivessem uma função
a cumprir. As igrejas tornaram-se mais um lugar de “santos”
isolados do nosso mundo, do que lugar de pecadores arrependidos e
transformados, com uma mensagem para os nossos dias.
Segundo Mateus 3:6, os discípulos
de João Batista eram batizados no rio Jordão, confessando
os seus pecados, enquanto os sacerdotes e fariseus se apresentavam
no Templo apregoando a sua santidade. Mas afinal, qual o ideal das
nossas igrejas? É o Templo de Jerusalém onde exibiam
a sua santidade, ou o grupo de pecadores de João Batista?
Será possível transformar as nossas igrejas em lugares
onde os pecadores e os marginalizados possam sentir que são
amados e bem recebidos?!!!
O Evangelho já não é tão pregado nos nossos
dias como parece, pois pregar o Evangelho não é só
por palavras. Isso seria muito fácil com os meios de que dispomos.
Com a rádio, a TV e a internet seria possível divulgar
as palavras, as principais afirmações teológicas,
por todo o mundo ao mesmo tempo. Alguns famosos evangelistas, já
o têm feito, convencidos de que estão a pregar o verdadeiro
Evangelho de Jesus, só por estarem teologicamente corretos.
Talvez tão corretos como estavam os fariseus e saduceus que
foram ao batismo de João.
Evangelismo bíblico, como João Batista ensinou, e Jesus
confirmou, implica partilha de bens materiais. Quem tiver duas túnicas,
reparta com o que não tem, e quem tiver alimentos faça
da mesma maneira. Lucas 3:11. Talvez tenhamos
de voltar ao início e começar com a evangelização
dos “evangélicos” do nosso mundo onde os ricos
são cada vez mais ricos e se consideram como cristãos
evangélicos. Mas será que ainda há tempo antes
de Cristo voltar?!!
Penso que não está prevista a vinda de nenhum profeta
antes da segunda vinda de Cristo. Até pelo contrário,
essa vinda será repentina e quando menos esperarmos.
Mas pode ser que o Senhor tenha piedade de nós e nos levante
algum pregador no gênero de João Batista, liberto do
controle eclesiástico, pois afinal, isso não depende
da vontade humana, nem do apoio das igrejas, nem das decisões
das convenções, nem de grandes verbas para majestosos
edifícios ou divulgação nas midias. Tudo isso
pode ajudar, mas não basta, pois tem fracassado assim como
fracassou o Templo de Jerusalém.
Mas então, o que é necessário? Qual o segredo
de João Batista?
Pensamos que em primeiro lugar, João Batista confiou no Senhor,
não procurou apoio de nenhuma organização do
seu tempo e disse o que afinal já todos sabiam, mas ninguém
tivera a coragem de denunciar. Antes de falar aos gentios, ele começou
por tentar “arrumar a sua casa” a Casa de Israel.
Talvez estejamos perto da segunda vinda de Jesus o Cristo, e o mais
grave é que desta vez não haverá nenhum profeta
para a anunciar, e ele virá para julgar o mundo em que vivemos.
Mas quando será essa segunda vinda? A resposta é incerta.
Mas quero terminar com Mateus 24:44 ... porque o Filho
do homem há-de vir à hora em que não penseis.