Manuscrito de grupo centenário da Bahia e de amparo aos negros será incluído no registro nacional de programa da Unesco |
Documento da Sociedade Protetora dos Desvalidos, de 1832 a 1847, foi selecionado para compor o patrimônio do país, pelo Arquivo Nacional. O comitê do Programa Memória do Mundo (Memory of the World) da Unesco selecionou, nos dias 16 e 17 de outubro, um livro de atas da Sociedade Protetora dos Desvalidos da Bahia (SPD) para ser incluído no Arquivo Nacional do Brasil. O manuscrito, intitulado "Relíquia da Irmandade Devoção de Nossa Senhora da Solidade dos Desvalidos", tem atas de 1832 a 1847, que pertencem à SPD. O conteúdo do livro é variado e marca o início da sociedade, a quem se atribui a produção escrita. A SPD, que completou 186 anos em 2018, foi fundada em 16 de setembro de 1832 e tem sede localizada no Pelourinho, Cntro Histórico da capital baiana. Quando foi fundada, a sociedade era composta por negros livres e trabalhadores que tinham como objetivo amparar os outros negros desvalidos e que ainda eram escravizados. Segundo informações da equipe do Arquivo Nacional, o Edital MoWBrasil 2018 recebeu 29 candidaturas para inclusão de documentos no Programa Memória do Mundo do Brasil e 10 foram selecionadas pelo comitê. Entre as 10, está o manuscrito da SPD. A equipe do Arquivo Nacional explicou que a inclusão do manuscrito no registro nacional ocorrerá após publicação no Diário Oficial da União (DOU). Ainda não há detalhes sobre a data da publicação, mas, conforme os representantes do Arquivo, a cerimônia de entrega do certificado de inclusão no registro será realizada no dia 12 de dezembro deste ano, no Rio de Janeiro. A SPD é conhecida, por exemplo, por juntar dinheiro para pagar a alforria de negros que ainda eram escravizados. "A Sociedade é a primeira instituição de movimento negro com organização civil no Brasil. Além dessa ajuda para alforria, ela também tinha um processo de formação dos ex-escravizados para a autonomia e empreendedorismo da época. E, para além disso, ela [SPD] investia no apoio social e abrigo aos doentes", explicou a presidente da SPD, Lígia Margarida Gomes. Programa Memória do MundoO programa, que tem como objetivo preservar e dar acesso público a memória coletiva e documentada de todos os povos da humanidade, foi criado em 1992. O "Memória do Mundo" surgiu da percepção de que a maior parte da memória dos povos está contida em documentos bibliográficos e arquivos fisicamente frágeis e em constante risco por desastres naturais, guarda inadequada, roubos e guerras. De acordo com o Arquivo Nacional, além do Brasil, ao menos 72 países, participam do programa. Entre eles: Austrália, Ástria, Barbados, Bélgica, Bulgária, Chile, Costa Rica, Alemanha, França, El Salvador, Irã, Israel, Japão, México, Marrocos, Peru, Filipinas, Senegal e África do Sul.
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